Uma grande crise mundial estava instalada. Algo entre um tsunami e uma marolinha desencadeou uma série de cataclismas econômicos e sociais de tal maneira que todo um país foi afetado. As bolsas despencaram, moedas fortes enfraqueceram e nenhuma intervenção do Banco Central ou ação do Programa de Aceleração do Crescimento foi capaz de proteger aquela nação. O resultado daquela crise não poderia ser pior, “houve uma grande fome” (Lucas 15:14).
Jesus poderia ter imaginado este pano de fundo quando ensinava sobre o amor do Pai através da parábola do filho pródigo. Mas como conciliar o amor do Pai, com algo absurdo e inconcebível como a fome? Observe que o termo “fome” no original grego quer dizer, fome mesmo. Sem sofismas. A fome é trágica em qualquer época ou situação, até numa parábola. A Organização das Nações Unidas, ao analisar os maiores problemas mundiais, estabeleceu 8 Objetivos do Milênio. O primeiro problema a se combater é a fome.
O texto nos permite concluir que, apesar de dramática, a fome pode ser útil quando:
1-Ensina que nem todos os nossos desejos serão realizados
Deus não é papai Noel, e o cristianismo não tem esta vocação infantil e romântica. Pode parecer duro para alguns irmãos, mas nem tudo que você pede a Deus será atendido. Por mais nobre, honesto ou piedoso que seja. Veja que o pródigo “desejava fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam; mas ninguém lhe dava nada” (Lucas 15:16). Nada mais essencial do que um prato de comida, mesmo assim sua demanda não foi suprida.
2-Prova que somos incapazes de resolver os problemas com nossos recursos
A fome nesta história também representa todas as nossas carências físicas, emocionais, ou espirituais. “...e ele começou a passar necessidade” (Lucas 15:14). O rapaz até arrumou um bico numa função menos nobre, pois no contexto judaico, cuidar de porcos era repugnante. Ele tomou uma corajosa iniciativa, teve humildade para começar de baixo e pedir ajuda, mas a fome se pronunciava em seu estômago. Ai, que dor. Dor semelhante sentimos quando investimos tanto na solução de um problema, e ela não chega.
3-Nos faz cair em si
Cair em si é o que existe de melhor na caminhada espiritual. É algo poderoso que só o Espírito de Deus pode provocar. Devido à fome, o rapaz “caindo em si” (Lucas 15:17) fez uma releitura da situação, ajustou o seu foco e fez o movimento de conversão, tão desejado na experiência cristã. Alguns acontecimentos dão uma forcinha para as fichas caírem. Infelizmente, mesmo com tais estímulos, muitas fichas permanecem entaladas na autosuficiência humana.
4-Nos aproxima do Pai
Os pródigos pensam que a liberdade é experimentada longe do olhar do Pai. Acreditam que o Pai regula muito, que é antiquado. Mas como toda criança, no fundo o que querem é o olhar aprovador do Pai. Acabam não suportando fazer as macaquices, sem verificar o sorriso do Pai. Foi assim com o filho pródigo de nossa história. Ele não suportou esta ausência e “...levantando-se, foi para seu pai” (Lucas 15:20). No mundo espiritual a liberdade só é vivida dentro de casa, na casa do Pai. E creia, a maior e mais dolorida fome é a causada pela ausência do Pai.
I-Nossos desejos nem sempre são realizados, mas todos os planos de Deus se cumprem em nossa vida. Ele ainda tem o domínio;
II- Nós não conseguimos dar conta de nossas demandas, mas Deus é poderoso, e o amor dele se revela enquanto ainda estamos em meio a porcos;
III- Arrependimento não causa vergonha, mas alívio e aprovação da parte do Pai;
IV- Sua vida será plena e sua fome existencial será sanada quando você estiver no centro da vontade e realizando os propósitos do Pai.
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