terça-feira, 31 de maio de 2011

toda boa árvore dá bons frutos

Como técnico agrícola e feirante sei por experiência que pouco se pode fazer depois que o fruto se estabelece. Claro que há um cuidado especial para protegê-lo de ataques de aves, pragas e intempéries da natureza.  A goiaba, por exemplo, é ensacolada uma a uma ainda bem pequenininha e praticamente cresce dentro de uma sacola que a protege do bicho da goiaba. Mas o grande investimento é realizado antes das colheitas. Desde a escolha das mudas, do terreno, da adubação, da irrigação e uma série enorme de manejos são necessários, meses a fio, para garantir uma safra farta e recompensadora. O fruto não pode ser melhor do que a árvore e daquilo que ela lhe fornece através da seiva. E é com a saúde da árvore que se garante frutos saborosos e igualmente saudáveis. O segredo então é enfatizar o cuidado com a árvore.
a família é a árvore
Quais são as mazelas sociais que mais te incomodam? Drogas, corrupção, violência? Sexo depravado, alcoolismo, depressão? Continue o exercício mental e perceba o que se tem feito para combatê-las: blitz nas crackolândias, CPI´s, construção de prisões, distribuição de camisinhas, centros de recuperação, criação de antidepressivos. Todas as tentativas, por mais louváveis que sejam, tentam consertar o fruto, que já está bichado. Isso nem sempre tem funcionado. Falta visão holística e entendimento do homem do interior, que descobriu por experiência que dá melhor resultado investir antes da colheita. A família é a árvore. E quando não a preservamos, aí sim temos um desmatamento catastrófico. Nela deveríamos investir nossas energias. Se cuidássemos das famílias como nos campos se cuida das árvores, teríamos um local mais legal de se viver.
água fresca
Toda árvore precisa de água para cumprir seu papel. Nossa água fresca vem da Palavra:
Toda a árvore boa dá bons frutos e toda a árvore má dá maus frutos. A árvore boa não pode dar maus frutos nem a árvore má, dar bons frutos. Toda a árvore que não dá bons frutos é cortada e lançada ao fogo. Pelos frutos, pois, os conhecereis. Mateus 7:17-20
A questão não é o fruto, onde temos investido tanto, mas a árvore. Veja que a cobrança de resultados não é feita ao fruto, mas à árvore que o gerou. Invista na árvore da família agora, faça as melhores escolhas agora, por que certamente você terá grandes safras que se perpetuarão. 
como começar?
1-invista em refeições familiares: a ciência e as religiões concordam com esta prática. Este é um paradigma divino de comunhão e troca de afetividade;
2-invista nos assuntos do coração: chega de superficialidade, garimpe assuntos mais relevantes para os filhos e cônjuges;
3-invista nos valores de Deus: não adianta passar o tempo todo junto de sua família, se os valores dos relacionamentos não forem alinhados com a Palavra de Deus, você perderá seu tempo e frustrará quem você ama;
4-invista no estudo do tema: seja humilde e reconheça que você não sabe tudo sobre relacionamento familiar. Existem excelentes livros e cursos sobre este assunto.
5-invista em famílias afins: procure exaustivamente famílias que compartilhem seus valores morais e espirituais. Aposte muitas fichas nestes relacionamentos;
6-invista recursos generosamente: porque você só aplica dinheiro e outros dons -como a criatividade - para seus negócios? Sua família é mais importante que qualquer investimento financeiro;
7-invista num recomeço: se as coisas não estão nada bem, acredite que Deus dará recursos para você recomeçar uma linda história familiar.

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 Se não gostou, tenha misericórdia deste feirante.

domingo, 22 de maio de 2011

apenas um toque - maria clara



Alguns encontros são emocionantes. Divinos.
O sol, com sua majestade, acabava de acordar imponente no horizonte da Praia do Flamengo. Eu já caminhava há cerca de 30 minutos. Tempo bom e propício para orar e acertar algumas arestas com Deus. Tempo de adorar e agradecer pela beleza da consagrada cidade do Rio de Janeiro. Vi então o que me parecia uma família de sem-teto - pai, mãe e criancinha pequena. Aquele que intitulei o pai, muito nervoso, aos berros tratava a criancinha com xingamentos que apertaram meu coração. "_ Tira a mão da boca, @4§*»#&." Meus olhos encheram-se de água instantaneamente e em poucos segundos eu já soluçava forte, com dores na barriga, clamando a Deus por misericórdia, pedindo perdão pelo distanciamento que alcançamos de Seus propósitos eternos , e confessando uma culpa holística da humanidade, sem contudo condenar a atitude hostil daquele pai. Ao contrário, vendo o despreparo paterno, e as condições sub-humanas daquela família, me solidarizei e intercedi ao seu favor.

Pedi ao Senhor a graça de uma aproximação eficaz, e com temor atravessei o canteiro que me separava daquela cena, ensaiando uma abordagem amistosa. Um ursinho de pelúcia sujo e velho me salvou. Agachei-me para falar com a criancinha elogiando seu bichinho, e usando toda minha "psicologia" para conquistá-la. Agora sentado no meio-fio, percebi que o que eu pensava ser o pai era na verdade a mãe: negra, obesa, cabelo raspado, e com cara brava. Iniciei um diálogo me apresentando, argumentando que era do Espírito Santo, tinha 3 filhas, e quando eu via uma criança ficava logo com muita saudade de casa e das meninas. Com esse argumento a mãe abriu um sorriso neutralizando aquele ambiente hostil, e rapidamente já nos sentíamos a vontade.

Fiz de tudo para conquistar a Maria Clara, dois aninhos de pura energia, olhos cheio de vitalidade, que pareciam não se incomodar com a ausência de um lar, de um teto. Talvez porque ninguém lhe ensinara o que é um lar ou um teto. Desconfiada, ficou me rodeando, sempre mantendo no mínimo dois metros de distância. Esgotei todos os meus trunfos para atrair uma criancinha naquela idade: me candidatei a contar uma historinha, arrisquei fazer a mágica de "tirar o dedo", ofereci os trocados que carregava no bolso para comprar pão, mas tudo foi em vão. Na última tentativa, a Maria Clara pegou uma pedra, e fez pose de ataque para deixar claro que eu não estava agradando. Teve que ser imobilizada pela outra senhora que estava sentada por ali também. Agora se enroscando na mãe, me olhava com ar de não vem que não tem. Ela me venceu e resolvi ir embora, não sem antes dar o último bote: estendi a mão me despedindo, e a mãe foi logo sentenciando:"_ Cumprimenta o homem, menina!" . Maria Clara estendeu timidamente sua mãozinha, eu a peguei e dei a tradicional sacudidela do cumprimento. Sem perder tempo e vendo ali minha última oportunidade, coloquei minha mão sobre a cabecinha dela e comecei a orar e profetizar sobre sua vida. "_Maria Clara, você será uma mulher de Deus, uma mulher cheia do Espírito Santo de Deus, usada poderosamente por Deus, e o que as criancinhas mais precisam é ser amiguinhas de Jesus". Enquanto eu orava, ela colocou sua mãozinha sobre a minha, impedindo que eu a retirasse, como se entendesse todas as conseqüências espirituais daquele momento inusitado. O tempo parou, o sol abriu mão de sua majestade para observar aquele momento mágico, o ar ficou imóvel para não atrapalhar, e a bênção do Deus todo poderoso foi ministrada.

Maria Clara é como toda criatura que se mantém distante do seu Criador, que quando cortejada, ensaia gestos hostis e agressivos, mas que paradoxalmente anseia justamente o contrário. A mão da Maria Clara sobre a minha enquanto eu orava por ela, disse tudo e foi a prova cabal de que o que ela mais queria era ser tocada. Há quanto tempo ela não era acariciada por um tipo masculino, desejada e abraçada pela figura de um pai, e muito menos abençoada por um sacerdote do Deus vivo?

Quando acabei minha oração pedi, e ela beijou meu rosto suado. Eu retribui o beijinho. Não sei por onde andará a Maria Clara, mas anseio que Deus honre minha oração e a abençoe como filha amada. Amém!

terça-feira, 17 de maio de 2011

esse menino vai longe


Nasceu, mas não nas melhores condições de higiene. Qualquer órgão de defesa ao consumidor, de direitos humanos, conselho de medicina ou de saúde pública, interditaria o local onde aconteceu o parto. Apesar das condições precárias, o menino tinha família. Pai e mãe cuidadosos, apesar de inexperientes. Era o primeiro filho do casal. Ela jovem, assustada e quase mãe solteira. Por pouco o pai da criança a abandona. Ele assumiu a paternidade sem precisar de teste de DNA. Corajoso, desafiou o costume local de abandonar a moça em determinados casos, foi pai presente, inclusive na hora do parto caseiro.
Jesus nasceu. Não tinha plano de saúde, casa própria, mas tinha família. Tinha o cuidado da mãe que o envolveu em panos e o colocou no local mais aconchegante possível, não numa lixeira. Tinha a hombridade do pai, cidadão que cumpria os deveres sociais perante a comunidade (participava do senso de Augusto) ao mesmo tempo era sensível à voz de seu Deus (batizou o menino, aproveitando uma dica de um anjo do Senhor: Jesus).
A mãe olha o bebezinho. É seu filho, mas também o Salvador do mundo, que responsabilidade. O menino tinha que dar certo, e deu. Ela devia chamá-lo por algum diminutivo carinhoso. _ Jezinho, vai escovar os dentes. Mas quando ele aprontava alguma dizia nome completo e composto: _Jesus Cristo de Narazé! Já o pai ensinou uma profissão honrosa e rústica, carpintaria. Ofício que mais tarde seria útil, pois pau que nasce torto, Jesus aplaina.
Sem escola particular, dicas da Super Nany da tv a cabo ou cursos de treinamento para criar o menino à maneira de Yavéh, os pais de Jesus usaram a intuição e o que conheciam sobre Deus para educá-lo. O investimento deu certo. Aos doze anos ele já era um sucesso nos desafios bíblicos, não um campeão de vídeo games.
Se você quer mudar o mundo, faça como Jesus, comece em casa.

domingo, 8 de maio de 2011

vagas para diakonos



 
Precisa-se mais de “diakonos”, do que de “doulos” . E eu explico. No original grego o termo “diakono” é aquele que serve, que se realiza ao servir, também aponta para um serviço voluntário, diferente de “doulos”, termo semelhante, mas usado para escravo ou aquele que serve, mas por obrigação. O mercado precisa ser habitado por “diakonos”, gente que tem a habilidade - inata ou adiquirida - de se realizar profissionalmente ao servir a comunidade. O “diákono”  é aquele que tem sede por servir, por atender bem, por realizar suas atividade com presteza e agilidade, diferente do “doulos” que está interessado apenas no salário que recebe no fim do mês. É claro que não faço apologia ao trabalho não remunerado, me refiro mesmo à relação tradicional dentro de todos os preceitos trabalhistas, de remuneração justa e consciente.

“Diákonos” também vem de outra expressão composta que significa “fazer a poeira subir”. A imagem é de alguém que está se movendo tão rapidamente para cumprir suas obrigações que, ao passar, seus pés fazem a poeira levantar. É fácil perceber quando somos atendidos por “diákonos”. Existe uma magia sutil nos acontecimentos. É algo que se tenta explicar nos treinamentos com dificuldade, por que geralmente a ênfase é o procedimento, a técnica e não o resultado. “Diákonos” querem clientes satisfeitos, “doulos” cumprem regras. No primeiro há graça, no segundo, lei. É diferente.

O resultado é que geralmente somos mal atendidos no Brasil. Nossos anúncios abrem  vagas para “doulos” e não para “diáconos”. O Management Jesus Cristo, já se preocupava em selecionar e valorizar os “diakonos”. Ele dizia: Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva (diakonos).

quinta-feira, 5 de maio de 2011

pare de se relacionar só com a igreja


Pare de se relacionar só com a igreja
Talvez a idade me dê agora um maior senso de urgência. Penso sempre que temos tão pouco tempo para nos relacionar com os irmãos e com Deus, e isso de de maneira sadia, edificante e produtiva, que dói minha alma quando me deparo com alguma proposta de relacionamento com muita ênfase na liturgia. O vocábulo liturgia, em grego é formado pelas raízes leit- (de laós, povo) e -urgía (trabalho, ofício) significa então serviço ou trabalho público. Vamos combinar logo no início deste artigo que liturgia é o conjunto de práticas rituais ou simbólicas, ou qualquer outro artifício que o devoto desenvolva na sua prática de culto. Preparei então um teste para identificar o grau de importância que a liturgia exerce em seu culto. Responda SIM ou NÃO às seguintes afirmações:
-se a ordem da reunião é alterada, fico muito incomodado. Ex.: o momento do ofertório acontece antes ou depois do usual.
-se o horário dos encontros é mudado, isso me irrita profundamente. Ex.: a reunião que sempre foi às 18:00 h passa a ser às 18:30 h.
-o propósito do encontro deve estar claro e sempre mantido. Se há alterações improvisadas, prefiro nem comparecer. Ex.: às quartas o encontro é reservado para uma ministração de ensino e resolveram alterar a programação.
-os costumes de minha comunidade têm tanta importância como os ensinos bíblicos. Ex.: as tradições e ritos têm o mesmo peso que os princípios bíblicos.
-as práticas do Velho Testamento não foram de todo abolidas. Ex.: alguns rituais do Velho Testamento devem ser praticados.
-os utensílios utilizados nas celebrações são sagrados. Ex.: o paninho que fica sobre o altar deve ficar sempre dobrado nesta posição.
- a roupa do ministro é muito importante. Ex.: os padres devem sempre usar a batina e pastores ternos.
Se você respondeu SIM a duas ou mais questões, você tem forte propensão a super enfatizar os atos litúrgicos.
Se você se relaciona com a igreja e suas liturgias, demonstra que é uma pessoa devota. A questão que levanto é que eu e você podemos nos relacionar com a liturgia e nos esquecermos do Senhor da liturgia. Mandamos bem no relacionamento com a igreja, e não desfrutamos mais da presença do Senhor da igreja. Marta queria liturgia, o serviço do povo. Maria queria teurgia, o serviço de Deus (Lc 10 38-42). Neste sentido o culto cristão é o serviço que Deus realiza em favor do devoto, ou em favor do Seu povo. Mas nós insistimos em ganhar a atenção de Deus com nosso esforço e trabalho. A graça é difícil de ser experimentada. O fato é que Deus está mais interessado no que somos do que no que fazemos.  No texto de Marcos 3:14 lemos: “E nomeou doze para que estivessem com ele e os mandasse a pregar”. Esta talvez seja a sequência mais produtiva. Primeiro estar com o Senhor, depois fazer algo por Sua causa.

A letra mata, mas o espírito vivifica
A liturgia é antes do véu. É , como disse,  um esforço humano de chamar a atenção da divindade. Ouso sugerir que você não acabe com a liturgia, mas que caminhe para além dela. Se antes do véu é bom, imagine depois dele. Com o tempo a liturgia tomará seu devido lugar. Ela não é a celebração, eventualmente é o que pode nos lembrar e nos conduzir a celebração.
O melhor exemplo Jesus dá na parábola do filho pródigo.  Primeiro vem o abraço e o beijo, depois as questões litúrgicas, roupa, anel e sandálias (Lc 15:20-23). Isso tudo apenas para preparar o filho para a festa. Ou seja, a liturgia nos leva a festa, não a um enterro fúnebre. No relacionamento com Deus tudo termina em mesa, fartura, alegria e família.
Liturgia é levar a oferta ao altar, vida com Deus é voltar e reconciliar-se com o irmão. (Mateus 5:23-24)
O convite de Deus é claro: Por isso diz: Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para Mim abominação, e também as festas, os sábados, e a convocação das congregações; não posso suportar iniqüidade associada ao ajuntamento solene. As vossas Festas da Lua Nova e as vossas solenidades a minha alma as aborrece, estou cansado de as sofrer. Pelo que, quando estendei as mãos, escondo de vós os meus olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue. Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos; cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei o opressor, defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas. (Isaías 1:13-17).
Veja que liturgias como: ofertas, incenso, festas e reuniões religiosas, ajuntamentos solenes, mãos elevadas aos céus, orações, tudo isso sem vida com Deus só o aborrecem. Deus não descredencia os atos litúrgicos, tanto que sugere para nos lavarmos e purificarmos, mas isso com vida comprometida na prática do bem.  A crítica então, não é contra a liturgia, mas a liturgia pela liturgia. A liturgia em si é boa, ruim muitas vezes é nossa relação com ela. No seminário aprendemos uma fórmula para uma igreja crescer: crie regras. Dez coisas que podem fazer, dez que não podem. As pessoas se realizam nisso. Cumprem as regras e se sentem justificadas. Já fui maçon e nada mais litúrgico do que uma reunião maçônica. Logo alcancei o posto de Mestre de Cerimônias. Eu me deleitava em decorar os passos litúrgicos e ao executá-los religiosamente, me sentia o máximo. Me tornei escravo da liturgia. Nem prestava atenção no conteúdo do que fazíamos, só depois que deixei a maçonaria enxerguei que não existia conteúdo. Palavras repetitivas que poderiam significar algo no passado, mas se tornaram estáticas e não diziam mais nada. É a liturgia pela liturgia. 
Talvez a melhor forma de quebrarmos a imposição da liturgia, é criando novas liturgias. Se podemos ter um cântico novo, porque não uma liturgia nova?
Culto não é uma proposta ritual, mas um estilo de vida. Pense nisto.